quinta-feira, 6 de setembro de 2012

O Farol Branco, poema de Francisco Carlos Machado



O Farol Branco

À Fiorenzo Bonetta

Em cima do farol branco.
Um dos meus ouvidos ouve o mar,
sua voz e seu clamor.

O mar devolve tudo que não vale,
tudo ruim, ficando com o bom,
com coisas que o enobreça.
O meu ouvido ouve os peixes, as algas,
o tubarão que comeu a perna do pescador.

O outro ouvido meu ouve, sente
o vento, que fala bem perto.
O vento emociona, toca, e vai embora,
levando uma parte de mim,
da minha poesia e emoção.
Eu sei que fui com o vento.

Os meus olhos escuros misteriosamente ouvem
o cantar dos bem-te-vis e dos pardais defronte.
Eles ouvem, vêem Deus.

Os meus olhos claros vêem tudo:
o mar verde-azul, as ondas beijando a praia,
as pedras, os barcos de pescadores brincando.
O vento, perto, movimentando as areias das dunas,
os coqueiros, os pássaros, os montes,
e o sol criança

E vê meu amigo abaixo de mim.
Olhando de pé tudo isso, mas da forma dele,
com outro olhar e emoção.

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